quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quanta poeira você joga no tapete do outro?


Há tempos que estou para escrever um texto sobre a FILE - Festival Internacional de Linguagem Eletrônica que aconteceu no Centro Cultural FIESP e,em toda região da Av. Paulista, com exposições e intervenções intinerantes...demorou, o festival já acabou e, só agora deu tempo de divagar um pouquinho sobre as minhas percepções. E o atraso é consequência da vida de uma estudante que se envolve em tudo que aparece. (às vezes tento ser diferente disso, mas esses desafios são o que me movem, como se fossem o combustível do balão, o que o leva para cima).

Vamos ao que interessa: FILE 2010

Aqui em SP o FILE acontece anualmente e vem tratar de arte e tecnologia interativa.
Acredito que eu, como a grande maioria do público do Festival se encanta, se impressiona, seja lá o que for, com as interações que as máquinas são capazes. São as mais diferentes formas de interface que ligam todo esse mundo virtual ao ser humano. O ser humano, esse é o ser que mais me interessa nessa história toda.
Para mim aí que está o "Q" da interação, não é o que a máquina pode fazer e sim as sensações e percepções que essa interação provoca em nós, seres humanos. Eu mesma, fiquei que nem uma boba dançando e passando pela luz, que formava um manto na instalação "Luzes Relacionais". Estava impressionada, como meus movimentos modificavam a forma da luz e fiquei durante bastante tempo tentado tocar o manto de luz, mesmo sabendo que não era possível.

 Instalação Luzes Relacionais - Foto do site do FILE

Minhas loucuras com as luzes a parte... a grande reflexão que a FILE me provocou sobre interação seja, de máquinas e seres humanos, seres humanos e outros seres humanos, se despertou na instalação "From Dust Till Dawn". Uma sala escura, onde apenas o entorno dos pés ficavam iluminados com um laser verde, haviam alguns espanadores e um ruído. Percebi que muitos saiam dessa instalação achando que ela era simples demais, alguns achavam um tanto chata, talvez sem graça, mas  entrei e permaneci ali durante algum tempo. Maíra Vaz, a educadora e artista plástica que me acompanhava, começou a me questionar sobre que tipo de interação acontecia dentro daquela instalação e foi então que comecei a perceber que conforme as pessoas se movimentavam, entrando e saindo da sala escura, os ruídos aumentavam e diminuíam... era a poeira depositada no chão da sala que com os movimentos das pessoas se moviam para os discos de vinil, localizados nos cantos da sala, os arranhavam e definiam o novo som que ouviríamos.

 Instalação From Dust Till Dawn - Foto do site do Jornal da Tarde


E é claro que a loucura não acaba por aí, na verdade ela só começa... afinal, quanta poeira você joga no tapete do outro? O quanto nossas atitudes modificam o ambiente ao nosso redor? Já deu para perceber que daí em diante foram questionamentos e comparações incessantes daquela instalação com o momento em que vivemos hoje, de preocupação ambiental e, até mesmo com meu dia a dia. Uma coisa besta que lembrei, são as diversas vezes que algum espertinho sem fones de ouvido, coloca uma música bem alta no trem e não permite que os demais possam ler um livro, conversar, estudar para a prova (poxa, o trem é o meu local de estudo...rs).
No final o que fica disso tudo é que todas as nossas atitudes mudam algo ao nosso redor e isso não é novidade nenhuma. Lá na época da escola aprendemos que ação e reação é lei da física.
Ainda assim, questionamos sobre os ruídos que temos ouvido, sem perceber quais das nossas atitudes estão os causando. Seja no meio ambiente, na sua casa, com seus amigos, enfim, pense: quanta poeira você está jogando no tapete do outro?

Já acabou, mas vale a pena conferir: http://www.file.org.br/


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